quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A história de Greenwich... bem resumida!

Vamos lá. Pesquisei um pouco hoje na British Library sobre a história do Meridiano de Greenwich. E deixo aqui um pequeno resumo.

Desde a época dos “descobrimentos” e da navegação exploratória já havia uma noção da latitude nos mapas. A posição em relação ao Equador (latitude) era medida por estrelas que permanecem “fixas” no céu. No hemisfério Norte é a Estrela Polar e, no Sul, o Cruzeiro do Sul – que está lá na nossa bandeira brasileira. Entretanto, medir a longitude sempre foi um problema. Quando o homem ocidental se deu conta de a Terra era redonda, e portando mensurável, começou a procurar então uma maneira de saber exatamente a sua posição no oceano para assim economizar tempo e dinheiro – e também para “economizar” vidas que se perdiam no mar. E que interessante é perceber nesta história que para o homem controlar o espaço, teve que controlar o tempo!

Em 1714 o governo britânico oferece um prêmio de vinte mil libras (isso era muita grana, o equivalente a 2,7 milhões de libras) para quem conseguisse descobrir um método que medisse com precisão a longitude. Dois caminhos eram explorados: o relógio lunar, que a muito tempo era utilizado mas que não tinha uma grande precisão e exigia complicados cálculos; o outro era o uso do relógio mecânico. Este segundo caminho era baseado na idéia de que, sendo a Terra redonda, o navegador poderia medir o horário local no mar através de um relógio solar e comparar com o horário do relógio ajustado no local de saída. Saberia assim a diferença de horas entre um ponto e outro, chegando assim a sua longitude.

O caminho do relógio lunar chegou a ser aperfeiçoado numa tabela (que aliás já estabelecia um ponto zero de referência) mas o vitorioso foi o britânico clockmaker John Harrison. Ele conseguiu resolver o problema de funcionamento do relógio em alto-mar, já que não os relógios com pêndulo balançavam com o barco e perdiam sua medição. O cronômetro marinho como foi chamado é o nosso conhecido relógio de bolso, o relógio de corda.

No tempo do desenvolvimento do relógio, o Reino Britânico entrou em guerra com a Espanha (War of Austrian Succession) e escondeu a todo custo a sua descoberta pois isso podia implicar na derrota! Veja aqui a importância que o governo dava a esta descoberta tecnológica.

O relógio H4 foi desenvolvido depois de modelos anteriores e neste momento o britânicos tinham uma técnica de navegação mais desenvolvida do que todos as outras nações da Europa – talvez do mundo, não sei...

O fato é que este salto tecnológico explica muito a primazia dos britânicos no mar.

Depois disto foram aperfeiçoados os sistema de medição da longitude baseado no relógio. O relógio master de Shepherd consegui sincronizar os relógios pelo mundo, também comissionado pelo governo britânico.

No final do século XIX, várias cidades eram adotadas como meridiano zero: Paris, Lisboa, Nápoles, Stockholm, entre outras; afinal o sistema de medição pelo relógio mecânico, ao contrario do sistema do relógio lunar, possibilitava qualquer ponto como referência. Na International Meridian Conference realizada em 1884 em Washington DC, em pleno auge do Império Britânico, foi decidido o uso do Meridiano de Greenwich depois de uma disputa com Paris. E então Greenwich passou a ser definitivamente o centro do mundo.


...
Bem... Eu?
Eu continuo a procura do Meridiano de Si Mesmo. Meridiamo.
Vou oferecer um prêmio de 6.800 Libras pela minha longitude.
A latitude já encontrei. Mas continuo perdido.
Assim mesmo sem relógio...
...





Um comentário:

  1. Daniel, Sem dúvida esses avanços tecnológicos contribuíram para a manutenção da supremacia nos mares. Mas ela não explica essa supremacia, pois em 1714 a Inglaterra já dominava os mares, já tinha derrotado a Espanha na Guerra de Sucessão Espanhola e já controlava o tráfico de escravos no Atlântico. Outra curiosidade, como se calculou o Tratado de Tordesilhas se eles não conseguiam medir a longitude? Ontem encontrei um livro em uma barraca de livros na rua que defende a tese de que os chineses chegaram na América em 1421, antes dos europeus. Eu já sabia que eles tinham navios muito mais avançados nessa época e que tinham feito viajens para outros lugares da Ásia e para a África, mas que tinham chegado na América é novo pra mim. Abraço, Felipe

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