quarta-feira, 16 de setembro de 2009

National Maritime Museum

Ontem fui ao National Maritime Museum que detém sob sua direção o Observatory Greenwich e Queen's House - perceba a interessante ligação entre estas instiuições e seus sentidos: a marinha, a pesquisa sobre a cartografia e instrumentos de navegação e a casa da Rainha. Fui tentar buscar mais informações que possam compôr uma visão in loco desta discussão sobre a constituição do Império Britânico.
Bem, o Museu é um tanto fraco mas o mais interessante é o discurso feito na exposição sobre migração.
A exposição começa contemplando a empresa P&O (www.ponl.com) que é um dos patrocinadores da exposição. Esta empresa foi a grande responsável, juntamente com a Cunard, pela logística e transporte de pessoas do Império Britânico. Nesta mesma exposição estão expostos cartazes do séc XIX que fazem publicidade das viagens intercontinentais, as viagens que na prática levaram estes britânicos para morar em outras partes do planeta. Claramente a divulgação era feita para 2 lugares: EUA e Austrália. Isso não era a toa. Não tinha África, nem Caribe.
Hoje na British Library vi um atlas escolar de 1920 que mostrava as colônias britânicas com população branca: Austrália, Canadá, África do Sul e Nova Zelândia.
É claro que existia uma política orientada em levar população branca para viver em certas partes e em outras deixar o pessoal operacional, apenas o necessário para controlar e manter o comércio.
Nesta mesma parte do museu se falava sobre migração. Então ficava aquela pulga atrás da orelha: e o mercado de escravos que os britânicos tanto exploraram? Ai embaixo numa letra pequena se lê: migração forçada ou não-forçada.
Neste Museu, que tinha muitos britânicos velhinhos, foi a primeira vez que senti racismo aqui. A mulher que guardava as bolsas simplesmente pendurou minha mochila de cabeça para baixo! Quando fui pegar as coisas dentro... what a mess! Fica díficil responder em inglês.

Abraço,
dcfl

Um comentário:

  1. Estou plenamente de acordo. A única coisa que achei estranho naquela definição era que o objetivo principal era mais simbólico. Mas não há dúvida que as chamadas "colônias brancas" tiveram um papel essencial no império e uma relação privilegiada com ele, que persiste até hoje. Meu professor me disse que em uma das praças aí de Londres (se não me engano em frente ao palácio) tem grandes portões que serviam para a entrada das delegações das colônias: um pra Austrália, um pro Canadá, um pra África do Sul e não sei se tinha um da Índia, ou um dos EUA. Na verdade, a arquitetura do império britânico era mais ou menos assim: em primeiro lugar, as duas colônias mais preciosas e essenciais, Índia e EUA. A Índia era a mais lucrativa de todas. Os EUA na verdade acabaram se tornando os herdeiros do Império, uma espeécie de associação. Depois vinham as "colônias brancas", Austrália, Nova Zelândia e Canadá, que eram os grandes celeiros agrícolas. Depois vinham as africanas (a África do Sul se torna muito importante, mas é só mais tarde no fim do séc. XIX, quando tambémm entra o Egito, com o controle do Canal de Suez) a América Latina (em especial a Argentina) e a Ásia Central. Depois da Primeira Guerra é o momento em que o Império atinge seu auge em extensão territorial, com o controle de boa parte do Oriente Médio. No meio disso estavam as disputas, com a França primeiro, e depois com a Rússia e com a Alemanha. É interessante ver o papel do grandes bancos ingleses: Rothchild e Barings, que financiavam boa parte das guerras e administravam as dívidas das colônias. Uma forma recorrente de dominar era fazer empréstimos para construção de ferrovias ou qualquer outra coisa. Depois, os países não conseguiam pagar, aí eles faziam um conselho que começava a cuidar do Tesouro do país, pegando os recursos para o pagamento da dívida, e, quando eles se recusavam a pagar, chegava o exército. O Egito é um caso típico, foi assim que eles tomaram conta do Canal de Suez. Outra coisa interessante é como eles foram capazes de controlar um império tão grande com um órgão governamental que cuidava disso com tão pouca gente. Outra coisa que eu esqueci no post que chamava a atenção para as datas, no fim das guerras que eu falei entre o final do séc. XVII e início do XVII, o Tratado de Utrecht dá à Inglaterra o direito de controlar todo o comércio no Atlântico, leia-se o tráfico negreiro. A importância de todas essas colônias talvez não esteja nem tanto nos ganhos de riqueza com a exploração, mas também pelo fato de isso espalhar a Libra como a moeda internacional, o que permite uma capacidade do país que a emite de se financiar que é praticamente infinito. A mesma coisa acontece com o dólar hoje, a moeda seguidora da Libra. Estão boas as discussões, hein? Seguimos. Um Abraço, Felipe

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